Poucas empresas brasileiras incorporaram as premissas básicas para se manterem no topo mesmo em meio a crises, como: profissionalismo, parcerias, redes de trabalho e inovação.
Pior ainda, a maioria delas ainda está enraizada na cultura do dono, mesmo que o sócio-fundador não esteja mais presente no dia-a-dia da empresa.
Isso acarreta muitos problemas, uma vez que os funcionários tornam-se “viciados” em fazer a vontade do “chefe”, ao invés de buscar o que acreditam ser melhor para a empresa. Projetos, Promoções, Campanhas, e outras ações acabam nem mesmo saindo do papel pelo receio de ser rechaçado pelo seu superior e até mesmo pelos demais colaboradores.
Afirmo isso pois já passei por uma situação desta. Se o seu superior, ou mesmo o diretor geral da empresa exige que as pessoas estejam as 8h em ponto sentados em suas mesas e com o computador ligado, certamente assim estarão. Agora, dizer que eles produziram algo inovador, diferente, que possa melhorar a eficiência ou eficácia das operações ou do processo, isso já é uma história totalmente diferente.
Uma empresa com cultura do dono, costuma ver qualquer investimento em P&D, Marketing e Treinamento como gastos desnecessários. Além disso, essas empresas veêm seus funcionários com certa desconfiança, como se estes sempre tendessem a não produzir caso não haja uma supervisão rigorosa.
Segundo o professor Silvio Lemos Meira da UFPE (ícone no tema inovação no Brasil), em nosso país ainda predomina a cultura de dono. Não há um ambiente propício para o desenvolvimento de empreendedores que inovem em suas ações na empresa. Ele segue com um ótimo exemplo para o caso:
“[...] na bolsa [de valores] brasileira, a maioria dos investidores não dá bola para as ações de empresas boas pagadoras de dividendos; eles se interessam por ganhar comprando na baixa e vendendo na alta. Lá fora, a ação da Microsoft tem seu preço parado há não sei quantos anos, mas o dividendo é espetacular, o que depende da performance da empresa.”
Isso demonstra a necessidade de posse da cultura que predomina na maioria das empresas. Os gerentes e diretores querem ter o controle total das ações de seus funcionários, tornando-os reféns de sua aprovação para qualquer decisão tomada.
No entanto, as empresas mais esclarecidas no tema inovação, já compreenderam que uma cultura de dono mina qualquer possibilidade de inovação. Inovação é a mudança de comportamento, no mercado, de agentes, produtores e consumidores.
Meira trata do tema e coloca a idéia equivocada que se tem de inovação no Brasil:
“Na verdade, a visão da inovação aqui é tão primária que, se você tiver uma padaria e comprar um novo forno, isso contará como inovação. [...] O que ele fez foi uma simples substituição para aumentar a eficiência”.
Sendo assim, as empresas que realmente inovam, trazem uma cultura distinta da acima citada, a cultura de inovação. A cultura de inovação traz o empreendedorismo a todos os níveis da organização. Apoiar projetos e criar metas arrojadas para atingir níveis jamais esperados pela organização, torna a companhia muito mais competitiva. Com o valor agregado pelas ações inovadoras, a empresa ganha anos de vantagem em relação aos seus concorrentes e inicia seu caminho pelo chamado oceano azul.
Empresas como a Petrobras, que anos atrás chegava a perfuração de 100 m de profundidade e por uma meta arrojada e apoio a projetos inovadores hoje chega até o pré-sal, são exemplos de como uma cultura de inovação torna a empresa destaque em seu mercado de atuação.
Vale a pena repensar em suas estratégias e rever se a cultura de sua empresa apoia projetos inovadores ou continua colocando seus funcionários a realizar sempre as mesmas atividades.
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