Não pense que as piadinhas escapam do roteiro de assédio. Alguns comentários, mesmo que feitos em tom de brincadeira, podem ofender a moral e invadir a privacidade, principalmente aqueles que falam sobre determinada característica física
Muito se fala sobre o assédio em geral, mas pessoas continuam não entendendo do que se trata o assunto e o que caracteriza um abuso desses. Hoje, especificamente, falo sobre o assédio sexual. Tentarei resumi-lo: constranger um colaborador utilizando da conotação sexual, com o objetivo de inibir, ameaçar, coagir ou persuadir de alguma forma. Geralmente, essas ações são feitas para conseguir vantagem sexual. Pode ser uma insinuação, contatos físicos forçados e/ou comentários, convites e elogios impertinentes.
O que acompanha esses atos normalmente são ameaças do tipo: permanecer no mesmo cargo enquanto estiver sob a gestão da pessoa, não conseguir a promoção almejada a não ser que haja uma “troca de favores” ou mesmo perder o emprego. Sim, pode, e de fato é, um tanto quanto abusivo, antiético e doentio, mas acontece e, hierarquicamente falando, quase sempre de cima para baixo.
Cabe aqui uma ressalva importante: há pessoas que, naturalmente, gostam de elogiar os colegas. Seja o novo corte de cabelo, a roupa ou a cor do esmalte. Admiro pessoas assim e elogios são sempre bons, mas devem ser feitos com respeito e elegância. Explico: palavras chulas, quando utilizadas, podem dar uma conotação errada e até mesmo ofender a dignidade da pessoa, tornando o ‘elogio’ algo extremamente pejorativo, o que, por sua vez, é caracterizado como assédio sexual.
Não pense que as piadinhas escapam do roteiro de assédio. Alguns comentários, mesmo que feitos em tom de brincadeira, podem ofender a moral e invadir a privacidade, principalmente aqueles que falam sobre determinada característica física. Um exemplo? “Que decotão, hein, Dona Maria?”. Inconveniente e desnecessário.
O que se vê também são casais serem formados no ambiente de trabalho, mas para que isso aconteça é preciso que ambos desejem o mesmo, certo? Quando há investidas não correspondidas, e a pessoa insiste no ato, isso pode se tornar assédio também, uma vez que a pessoa pode se sentir intimidada ou desconfortável com os galanteios. É preciso deixar claro que ali não há nada que possa surgir além do coleguismo e da amizade.
Por último, destaco algo que todos sabem, mas inevitavelmente se esquece: o corpo fala. Algumas pessoas chamam mais a atenção que outras, sentem-se perseguidas por esses comentários, mas não sabem porquê. Às vezes, nosso corpo mostra coisas que nossa boca nem pensa em dizer. Decotes profundos, saias curtas e regatas cavadas são um exemplo disso.
Cuide das aparências, não confunda simpatia com interesses secundários e se expresse. A maioria dessas atitudes pode ser evitada com uma simples advertência.
Bernt Entschev – Blog Vida Executiva
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