terça-feira, 27 de setembro de 2011

OS NOVE PARADOXOS DA TOMADA DE DECISÕES


Às vezes você acha que está resolvendo um problema, mas está apenas criando outro, diz um consultor canadense.
Por Álvaro Oppermann
Um problema às vezes é mais do que um problema. É um paradoxo, uma situação em que termos verdadeiros levam a uma aparente contradição. Segundo o consultor canadense Alex Lowy, do Transcend Strategy Group, especialista em tomada de decisões, conhecer paradoxos é fundamental para quem lida com gestão. Para facilitar o entendimento, ele os identifica no artigo Nine paradoxes of problem solving (“Nove paradoxos de solução de problemas”), publicado na revista Strategy & Leadership:
1 – Quando o problema serve de escudo. Esteja alerta, pois temos uma tendência natural de nos tornar dependentes de nossos problemas. Combatemos os sintomas, mas não mexemos nas causas reais. “Fazemos isso porque é mais confortável viver com um problema crônico do que enfrentar uma situação que nos assusta de verdade”, diz Lowy.
2 – Quando obtemos lucros pessoais com o problema. “Permitimos que um problema persista porque dele obtemos algo vantajoso aos nossos olhos”, diz. Por exemplo, o executivo-chefe que, desconfortável diante de complexidades técnicas, evita reuniões longas com os engenheiros da empresa (e acaba elogiado por isso, sendo tido como “objetivo”, com “foco no resultado”). O “lucro” nesses casos é, obviamente, ilusório.
3 – Quando a solução envolve riscos. “A única esperança que temos de acertar é correndo o risco de errar”, diz Lowy.
4 – Quando a solução é o problema. Muitas vezes, é impossível resolver um problema sem criar outro. Por exemplo, reinvestir lucros na unidade promissora ou aumentar os dividendos? Um não pode ser feito sem ferir o outro. Nesses casos complexos, a pior solução é a “tapa-buraco”, de alívio momentâneo.
5 – Quando temos muitas escolhas. A paralisia diante do excesso de opções é um fenômeno cada vez mais presente, pelo excesso de informações no mercado. “Às vezes, necessitamos de menos opções”, diz Lowy. Aprenda a priorizar. Mantenha o foco sem distrações.
6 – Quando ajudar atrapalha. É a síndrome do bom samaritano: vemos que alguém está com um dilema, tentamos ajudar e pioramos a situação. Costumamos impor soluções adequadas para nós, mas não necessariamente para o outro. “Como regra geral, o dono do problema é a melhor pessoa para resolvê-lo.”
7 – Quando o melhor é se afastar. Na tentativa de solucionar um problema, temos a tendência de concentrar o foco num único ponto, bem visível – na sua forma mais evidente. Isso acaba ocultando outros pontos. Nessas horas, é melhor se afastar do problema e retornar a ele de “olhos frescos”.
8 – Quando saber demais é o problema. É a síndrome do especialista: o gestor, o presidente fundador de empresa, o diretor veterano. Profissionais que se gabam de conhecer intimamente a operação e o produto. Conhecer demais impede que enxerguem mudanças sutis do mercado: novos gostos culturais do consumidor, um novo concorrente, novas tecnologias. A solução desse paradoxo está na “ignorância criativa”.
9 – Quando a abordagem indireta é a solução direta. Quando um problema é muito grande, tendemos à paralisia. “Nestes casos, enquanto você estiver ocupado em resolver o problema inteiro, não vai conseguir muita coisa”, diz Lowy. O melhor, então, é o caminho mais longo e indireto.
Paradoxo – Palavra grega (junção de “para”, contra, e “doxa”, opinião), designa declarações insolúveis. Há vários tipos de paradoxo, como os de linguagem, de tempo, as contradições. Solucioná-los em geral exige um novo entendimento da questão.
(*) É repórter colaborador da revista Época Negócios.
Fonte: revista Época Negócios (Editora Globo), ed. 53 (Julho/2011).

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